quinta-feira, abril 21, 2005

"Gosto da Rosa no Rosa"

O show foi ótimooooooooooooooooo! Estou quebrada! Toquei da 22 a 1 diretão! Como hoje eu não quero pensar muito vou postar coisas do Guimãrães Rosa e um texto meu que foi pro Cupido. Quero muito achar um texto que ele tem com personagens atrológicos, mas não sei o nome!


"De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi puxando difícil de difícel, peixe vivo no moquém: quem mói no asp’ro, não fantaseia. Mas, agora, feita a folga que me vem, e sem pequenos dessossegos, estou de range rede. E me inventei neste gosto, de especular idéia. O diabo existe e não existe? Dou o dito. Abrenúncio. Essas melancolias. O senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas a cachoeira é barranco de chão, e água se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa água, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso... "

"a estrela d'alva se tirou
jamais clareava
negras árvores nos azulados"

Guimarães Rosa

E vai dois desenhos de um desenhista que eu amo, da wondering art

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Esse eu quaaaaaaase tatuei na perna... (Marquei com o Pica Pau lá na sete de setembro, e um dia antes o cara foi assassinado!):

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Barbaridades Eliodorianas
(escrito em agosto de 1999, na volta de Ouro Preto)

Tudo velho, tudo antigo, história, estórias, etoiles. O peso de cada morro, o peso de cada vida, o peso de cada história. E eu com esse peso nas costas subindo ladeiras de pedra sabão. Escorrego, catapumba, olho pra cima céu, céu, céu, que mania. Os vidros das casa, refletiam a minha cara. E cada casa cheia de tempo, eu passava e me passava a idéia, não, transparente não é cor. E cada coincidência que acontecia, acontecia sim, porque é só isso que coincidências sabem fazer, eu pensava, e pensava. Era só o que eu fazia. E numa cidade velha, estava perdida e não tinha mais nada a fazer além de pensar. E se coincidência acontece é porque existe, eu pensava. Coincidindo com toda e qualquer lógica que pudesse ter naquele momento, estavam lá todos aqueles filhas da puta daqueles sentimentos. Atrapalhando. Eu assim no meio de um turbilhão de coisas, e o passado, mais passado que a minha vida passada que vidente nenhum pode ver, me dizendo: você é assim, assada será e estará frita se fugir disso. Gente nova, coisas novas, músicas novas, informação, em formação, em forma ação. Eu não falava nada. Não cabe, não cabia, eu dizia, transparente não é cor. Uma hora dessas, de pistumba, pinga com mel, bate-coxas, quitutes e doces, enfim, quando eu olhei em volta, e estava num lugar que eu nunca tinha visto na vida, de onde eu não sabia voltar (casa, que casa?), com pessoas que sei lá eu quem são, quem serão, se estavam ou não sãos: eu estava presa a coisas que eu nem lembrava mais. Puta que o pariu! Pariu. Em maio, numa tarde, primeiro filho, primeiro sobrinho, primeiro neto. Eu disse EU estava presa. A culpa é minha, a dor é minha e o problema não é teu. Cada um tem sua tomada pra enfiar o dedo. Eu enfiei os 10. Perdida perdida perdida me achei. AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH. Entre um A e um H, é melhor estar perdida, mais fácil, mais fresquinho, rende mais. Dói. Era tão alto o berro que nada nem ninguém conseguia ouvir o que eu dizia por trás daquele berro, transparente não é cor. Pronto. Acordei os babacas dos sentimentos de novo. Que merda. Nem dava pra falar. Eu ía falar e saía: transparente não é cor. Eu falei muito, armei teorias, amar é belo, um elo entre o azul e amarelo, amor é branco, preto é ódio, eu te gosto xadrezinho coisa e tal, e essa balela que tá pronta e é só citar. Mas não, transparente não é cor. De gosto amargo, de março a agosto. Não é assim que funciona? As coisa mais lógicas do universo rimam. Rambo, Rimbaud, Renault. Peugeot, Porsche, Borges. Maiakóvski, Dostoiévski, Karamazóv. Os poetas e todos aqueles babacas que se entregam aos sentimentos de bandeja, seguem ordem de sílabas, dicionário de sinônimos, estudam física, se prendem na métrica. Lá estou teorizando de novo. Foda-se, eu não estou certa, você não está certo e nenhum de nós descobriu a américa. Não que eu me lembre. Eu esqueço de tudo. Inclusive disso. Bah, Bach, babar, bar, barro, barroco, rococó, cocóricó. Good Morning Vietnan!!!!!!! O que é, o que é? Imenso e você não vê, pesado e você não carrega, todo mundo tem mas sempre esquece? A consciência! Parabéns Flipper. Ganhou um forno Microondas, vai completar o seu enxoval. Troféu abacaxi, Vai para o trono ou não vai, grammy, oscar, nobel. Ele inventa a pior arma de guerra, aí dá o seu nome para a premiação da paz. Quem? Grammy ou Oscar? Grandes bosta. A verdade é essa, você passa um tempão da tua vida sentada numa carteira aprendendo, passa a ter uma profissão, começa a saber alguma coisa, vai representar uma voz na sociedade. Aprende para tentar ser ou parecer o que chamam de culta, inteligente, ou o escambau. Conhece um cara, casa e vai lavar pratos. Isso é ser mulher? Tá na tua cara, explode e você não vê. Você tem que ir lá enfiar o dedo na tomada. Transparente não é cor. Foi aí que eu entendi. É uma massa, é um povão, formigas, legos, fantoches, langolangos, marionetes, micróbios, gente sem importância, que só dá volume e engrossa o caldo. Você é só mais uma. Marias: Carolina, Marília, Bárbara, Nice, Débora, Luiza, Mariana, Ana, Lourdes, Bianca, Marina, Paola, Fernanda, Ângela, Juliana, Luciana, Roberta, Janaína, Paula, Márcia, Renata, Clara, Francine, Jade, Larissa, Tatiana, Isabela, Virgínia, Cecília, Viviane, Aline, Claudionor. Fralda branca, lençol branco, louça branca, arroz branco, olho roxo. Transparente não é cor. Agora você entende o berro? Entender dói. Verdade dói. É cômodo ser burra. É fácil ser alienada. É transparente e você não enxerga. Transparente não é cor.

Um comentário:

Nessa disse...

O hómi na lua eu tenho tatuado nas costas. ;)