segunda-feira, outubro 03, 2005

Esse é da Serena

"Alguém aí sabe o que significa festa de casamento?

Neste último fim-de-semana, o Lélis casou com a Ludmila. Eu e meu marido Carrasco, primo da noiva, fomos "prestigiar" o evento. O fato é que quando chegamos, nos assustamos um pouco. TODAS as meninas da festa, estavam com sapatinho de salto dourado agulha, seda, tafetá, cabelos armados à moda mexicana anos oitenta, muita, muita maquiagem marcelo beauty, cílios postiços e toda sorte de apetrecho brega que se possa imaginar: bolsinha de mão dourada, chapinha dourada, escova progressiva dourada, tiarinha dourada, pulserinha dourada, correntinha dourada, tererê dourado, etc, etc, etc. Além disso, os rapazes, obviamente, estavam todos muito "bem vestidos" com terno e gravatinha zara (em ribeirão preto, é fino dizer que se tem uma gravatinha zara). Eu e o Lucas, no entanto, estávamos combinando, num modelito indiano-hare krishna. Tudo idéia do João, nosso agente comunista em Sertãozinho.
Lá pelas tantas, cansados das pérolas que se ouve sempre em eventos como esse, não importando o teor alcólico do que quer que esteja no copo de quem está falando, tipo: quem escreveu romeu e julieta foi hamlet!/ será que depois desses queijo, vai ter janta?/ eu gostava do maluf!, etc, resolvemos ir embora, mas não sem antes presenciarmos uma das cenas mais constrangedoras e deprimentes de nossas vidas pequeninas. Sabe quando acontece alguma coisa muito ruim com alguém, ou quando vemos na tv uma pessoa falar uma idiotice muito grande e ficamos com vergonha por eles? Nos compadecemos, não da humilhação do fulano, mas de nós mesmos, por estarmos naquele momento, partilhando com o pobre a derrota e a catástrofe? quinem.
A mãe da noiva, já muito trilili, escorregou no salãozinho, deu duas piruetinhas de capoeira e foi parar na mesinha de doces, que servia apenas de decoração, já que ninguém podia tocar nas guloseimas "antes dos noivo estourar a champanha", derrubando tudo no chão. Nessa hora, eu e Lucas entendemos do que se tratam as guerras.
Era criança, pai de noivo, dj, ajudante de cozinha, amiga da faculdade, professora do colégio, tia de Barretos, tudo se jogando no chão pra catar os "marzipão", os bem-casados, os beijinhos, as trufinhas de chocolate... Olha, se eu não tivesse dado uma corrida, seria varrida no meio da multidão. A confusão era tanta, que eu até me perdi do Lucas. Quando o avistei, bem do outro lado do salão, nos olhamos com aquela cara de "o jeito é esperar o katrina passar" e foi então que decidi: No meu casamento não vai ter docinho.
Gente...Buffet de casamento, festa de criança, rave, quermesse....o que é tudo isso? Por quê comparecemos nessas arapucas?
Eu sinto muita saudade do Mussum, que era a pessoa mais sabida do mundo e nos consolava dessas agruras mundanas."

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