quinta-feira, maio 18, 2006

Criatividade contra a mesmice

Jornal Estado de Minas - 17 de maio de 2006
Caderno de Cultura



Maratona de debates, lançamentos de livros de poesia e performances marcam o aparecimento da revista ‘Autofagia’, que vai reunir a produção literária contemporânea de Minas e do Brasil

Autor de ‘Umbigo’, Nicolas Behr é um dos mais destacados representantes da poesia marginal brasileiraLançamentos de livros, de uma revista, música e leitura de poemas, com a presença de vários escritores mineiros e de outros estados, prometem agitar a cidade de amanhã a sábado. A movimentação começa no Centro de Cultura Belo Horizonte, onde será realizado o debate “A produção contra-industrial”, com a participação dos poetas Estrela Leminski, do Paraná; Luciana Tonelli, de Minas; Marcelo Sahea, do Rio, e Nicolas Behr, de Brasília. Já na sexta-feira serão lançados os livros Cupido: cuspido e escarrado, de Estrela Leminski; Leve, de Marcelo Sahea, e Umbigo, de Nicolas Behr, e ainda a revista Autofagia, editada pelos poetas mineiros Bruno Brum e Makely Ka. No primeiro número da publicação, que pretende ser uma porta aberta para novos poetas, participam, entre outros, Nicolas Behr, Estrela Leminski, Amarildo Anzolin, Guilherme Wisnik, Marcelo Sahea, Elaine Ramos, Fred Girante, Lucinana Tonelli, Francisco Kap, Reuben da Cunha, Mario Teixeira, Elaine Ramos, Pirata Z, Lucas Virgolino e Rafael Alvarenga. Autofagia, que faz uma referência direta à lendária Revista de Antropofagia, que foi editada pelo modernista Oswald de Andrade, em 1928, sai com uma tiragem inicial de 700 exemplares. Já no sábado, encerrando a maratona cultural, a moçada se reúne no bar Pastel de Angu, onde acontece o Sarautófagico – outras deixas de música e literatura, com a participação de vários dos colaboradores da revista, cuja publicação será trimestral. Para um dos editores de Autofagia, o poeta mineiro Bruno Brum, a idéia de lançar a revista surgiu há cerca de dois anos, quando ele e outros colegas escritores se deram conta de que, a exemplo de outras cidades do país, Belo Horizonte não tinha uma revista de literatura, apesar da sua tradição cultural. “Optamos então por editar uma revista aberta, da qual participassem não só escritores da terra, como num Clube do Bolinha, mas autores de vários outros lugares. Era também nossa intenção publicar críticas, ensaios fotográficos etc. E foi isso que fizemos”. Uma das presenças mais aguardadas dos encontros, e que também participa do primeiro número de Autofagia, é o poeta brasiliense Nicolas Behr. Nascido em Cuiabá, no Mato Grosso, em 1958, ele vive em Brasília desde 1974, onde já se tornou uma referência literária. Autor de vários livros, entre outros Iogurte com farinha, e Poesília – poesia pau-brasília, Nicolas Behr se tornou conhecido em todo o país nos anos de 1970, quando se transformou em um dos principais expoentes da chamada poesia marginal, cujos livros eram vendidos pelos próprios autores em bares, universidades e portas de teatro. Pela sua irreverência, Nicolas Behr, que hoje é dono de uma flora na capital federal, chegou a ser preso pela ditadura militar. Seu último livro, Umbigo, saiu este ano, também de forma independente.

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