
"Eu queria me livrar do pacote".
Que se diga a tempo: essa não é a frase da madrasta jatobá, e sim de uma senhora de 41 anos, enfermeira, que arremessou a filha de 8 meses pela janela. Sua mãe deu entrevista na televisão "ela era uma mãe dedicada e carinhosa". Não me surpreendeu. De todos os casos escabrosos que eu conheço (e quando a gente trabalha com crianças a gente sabe de vários) sempre tem ALGUÉM com a pachorra de defender quem é algoz ou cúmplice. Quem está perto NÃO quer acreditar. Da mesma maneira que muitos "frisaram" o fato de ser uma MADRASTA no caso isabella....como se não houvessem milhares "Nardonas" e "Jatobôs". Mães que acobertam o padrasto mesmo que os filhos paguem o pato, sejam chamados de mentirosos e sofram agressões.
Claro que há um "pacote". Um pacote recheado de surpresas, porque os filhos nunca são o que esperamos. E isso é bom. Faz com que a gente amadureça e valorize apenas o que tem valor. Por um lado que aumentam as dúvidas e questionamentos, por outro enche a gente de uma paz interior, porque ela é necessária. (Antes que me chamem de generalista: a maioria tem algum tipo de questionamento e portanto discernimento: não incluo parideiras que colocam os filhos no mundo para outros criarem, porque acham conveniente, e essas impressionantemente não param de engravidar. Muitas nem chegaram aso 30 e estão no quarto filho. É a triste realidade da imaturidade e miséria)
Sem trocadilhos: filhos ressaltam nossas falhas. Aquela pose de centrados se dissolve quando se dá aquela troca de fralda vazada de diarréia, a água da troca vira no chão, a criança chora, você não dormiu e o telefone toca. Além disso casais que se diziam nascidos uma para o outro fecham o tempo quando a cria apronta e não se concorda como educar. E educar é repetir. E repetir. E repetir. E repetir.
E nessas horas nos vemos muitas vezes repetindo nossos pais. Nas boas e nas más coisas. Quanta gente que ouvi reclamando que sua mãe era manipuladora, que era de aparências, fazia "favoritismo" entre os filhos, que no fundo era até agressiva. E olha lá... agora como mãe ela é manipuladora, favoritista, e na frente um doce. (Será que em casa agressiva?). Filho vira cabeça da gente, mas se não cuidarmos voltamos ao mesmo ponto. Olhamos a cena e pensamos. já vimos isso antes. E é saudável compreendermos algumas razões de nossos pais.
Os textos atuais sobre limites chamam a minha geração de "permissiva". É permissiva e nas coisas mais absurdas... como se achar no direito de reproduzir o que se vê na mídia... o caso da enfermeira é o terceiro caso depois de Isabella. Nos outros dois conseguiram impedir a tempo.
É hora de rever o tal do mandamento "honrarás pai e mãe". Temos que encarar e reconhecer que nem sempre que pôe no mundo está acima do bem e do mal. Se as visitas desse pai nardoni fosse limitada a isabella estaria viva. Mas do jeito que a justiça é, mesmo que a mãe dela entrasse com o processo e conseguisse PROVAS (não indícios, provas mesmo), a justiça iria enrolar (isso mesmo que além de todo o trâmite burocrático existem MUITOS juízes que acham pêlo em ovo para não dar o veredicto, fora a preguiça de oficiais de justiça) e anos depois ele ainda poderia dizer, "mas ele é o pai, tem outros filhos e poderá pegá-la". Ou seja. Não adiantaria. Quero crer que diante de todos esses fatos recentes os juízes reflitam além de coçar a pança e pensar no aumento.
Lanço então a nova benção (que ouvi tanto, mas merece suas alterações): "Que a nossa senhora do bom parto E DA CRIAÇÃO te dê uma boa TODA hora.
Um comentário:
concordo... mas... quem é o véio da foto? foi só pra meter medo? ;)
beijo
Postar um comentário