sexta-feira, setembro 17, 2010

Gazeta do povo de ontem!

Enviado por Luiz Claudio Oliveira – luizs@rpc.com.br, 15/09/2010 às 15:48
A internet vai matar o produto cultural?

Da coluna Acordes Locais, publicada toda quarta-feira, na Gazeta do Povo.


Divulgação
Divulgação / Estrela Ruiz Leminski e Téo Ruiz lançam novo CD, São SonsEstrela Ruiz Leminski e Téo Ruiz lançam novo CD, São Sons
Havia tempos não tinha um prazer pegando um disco físico. Ôpa, ôpa, vamos esclarecer isso para que ninguém pense besteira. Estou me referindo ao disco físico. O prazer de ter um objeto de arte nas mãos e poder manuseá-lo. É que tenho baixado muita coisa da web e acabo ficando só com o registro digital, sem acesso ao produto material. Na semana passada, recebi o disco São Sons, da Música de Ruiz, dupla formada por Estrela Ruiz Leminski e Téo Ruiz. Além do som, há também o contato tátil e visual muito importantes.

Quando baixamos os discos na internet e não nos preocupamos em fazer capas e encartes – porque muitas vezes eles não são disponibilizados e, em outras, a impressão caseira mata a qualidade artística da produção visual –, então nos sobra a essência do trabalho que é o som, um som comprimido, que exclui registros mais graves, que achata detalhes e tudo é revelado apenas em parte.

Mas um disco é mais do que o som. É uma produção mais completa. Envolve artes visuais, gráficas e literárias.

Ultimamente, a música praticamente deixou de ser um produto que tenha uma apresentação própria, casada com o disco. É uma discussão enorme, pois a crise da indústria mata essa forma de apresentação musical. É claro que a própria indústria tem grande parte de culpa (talvez a maior parte), mas não deixo de pensar que a internet, a chamada web 2.0, também tem culpa. Ao mesmo tempo em que possibilita o acesso maior à música, despreza o produto cultural e não apresenta muitas alternativas financeiras aos criadores, aos músicos. Sim, eu sei, repito que essa é uma discussão enorme, mas uma hora ou ou­­tra é preciso enfrentá-la.

Citei acima o disco do Música de Ruiz. É o segundo álbum da dupla, que me provocou esta re­­flexão. Sobre ele, escreverei em outra oportunidade o meu ponto de vista – não tive tempo de parar e ouvir com toda a atenção que ele merece. Fiquei mais encantado com o produto, que mistura disco com livro. Mas disso eu falo depois, ok? Agora fiquemos na discussão sobre a música como produto cultural que merece um tratamento acima do que a internet está oferecendo.

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