quarta-feira, abril 13, 2005

"A condição de um escritor é ser de um tempo e de um lugar. A terra lhe entrega a raiz.O tempo lhe dá a asa."

Quem gosta de Cortázar, Gabriel Garcia Marques e Clarice Lispector pôe o dedo aqui, que já vai fechar... (Brincadeirinha, mas quem gosta desses 3 aí precisa ler esse post de hoje!)

Hoje o assunto não sou eu. Nem meus poemas, minhas letras, minha família. Hoje meu post é todinho do Mia Couto. Eu tô com tanta vontade de ler todos os livros desse cara que eu resolvi contar todo mundo o porquê, quem é ele e o que ele é capaz de fazer.

"As estrelas são os olhos de quem morreu de amor. Ficam nos contemplando de cima, a mostrar que só o amor concede eternidades."

Viu? Avisei! Então lá vai.

Mia Couto (biológo,professor, poeta e escritor moçambicano) escreveu entre outros: "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", "Cada homem é uma raça" e "Terra Sonâmbula".





Palavras inventadas por ele (neologismos, como o titio Rosa, outra nova obsessão):

desencorporado
subexistente
compaixonados
abensonhado
algebrava
desimportava
lamentochão
espantável
extranumerária
lagrimosa


"História de um homem é sempre mal contada. Porque a pessoa é, em todo tempo, ainda nascente. Ninguém segue uma única vida, todos se multiplicam em diversos e transmutáveis homens."

"pai nosso, cristais no céu"

"Agora, quando desembrulho minhas lembranças eu aprendo meus muitos idiomas. Nem assim me entendo. Porque enquanto me descubro, eu mesmo me anoiteço, fosse haver coisas só visíveis em plena cegueira."

"O fascínio pelas histórias resulta dessa absoluta necessidade de brincar. Como todos os animais caçadores carecemos dessa aprendizagem ritualizada. Como um gato perante o novelo, assim estamos ante o texto que nos encanta."

"Afinal das contas, quem imagina é porque não se conforma com o real estado da realidade."

"dormir com alguém é a intimidade maior. Não é fazer amor. Dormir, isso é que é íntimo. Um homem dorme nos braços de mulher e a sua alma se transfere de vez. Nunca mais ele encontra suas interioridades."

"A água e o tempo são irmãos gémeos, nascidos do mesmo ventre."

"O rio é uma cobra que tem a boca na chuva e a cauda no mar"

"Acabei a minha sessão de canto, estou triste, flor depois das pétalas. Reponho sobre meu corpo suado o vestido de que me tinha libertado. Canto sempre assim, despida. Os homens, se calhar, só me vêm ver por causa disso: sempre me dispo quando canto. Estranha-se? Eu pergunto: a gente não se despe para amar? Porque não ficar nua para outros amores? A canção é só isso: um amor que se consome em chama entre o instante da voz e a eternidade do silêncio."

"Aquele momento confirmava: o melhor da vida é o que não há-devir"

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