terça-feira, abril 26, 2005

O Papa não é POP, muito menos Rock!

O cardeal alemão Joseph Ratzinger semper atacou o rock como sendo "coisa do diabo" e como sendo um verdadeiro atentado à fé cristã. Agora, Ratzinger é o novo Papa e reafirma sua cruzada contra o rock. Segundo informa a Folha de SP em matéria intitulada Para o novo papa rock e pop são cultos profanos, o rock é uma "distração profana para a fé cristã." Em seu livro Introdução Ao Espírito Da Liturgia, Ratzinger descreveu o rock como "uma expressão básica das paixões que, em grandes platéias, pode assumir características de culto ou até de adoração, contrários ao cristianismo. Para ele, o rock tenta falsamente "liberar o homem por meio de um fenômeno de massa, marcado pelo ritmo, o barulho e pelos efeitos de luz."

Veja a matéria feita pela Folha.


Mas e não é? Claro que é! Igual a igreja, que também é um fenômeno de massa! Aliás, que também libera o homem pelo rítmo (das orações), pelos barulhos, e pelos efeitos de luz (só que essa uma outra luz, do tipo abstrata, que protege contra o mal). Ah, antes que o pessoal do rock fique brabo, não liguem! É questão de mercado! É a concorrência! Ou você se salva com Jesus, ou com o Rock! OU com os dois!!! Por isso viva o Jesus Cristo super star!




Agora tentando falar um pouco sério, em várias igrejas a comoção e fanatismo do povo é igualzinho em shows de rock. Algumas doutrinas, leis de comportamento, roupas, costumes... Uma vez eu tentei escrever um texto sobre isso, mas descobri que o Bento XVI resolveu a questão numa tacada só...
A igreja sempre criticou o profano, e a música sempre foi motivo "de desvio de comportamento" e "estímulo das paixões"... O problema é que a música traduz o ser humano. E é isso que assusta a igreja. No filme que eu vi outro dia o Madre Joana dos Anjos (me parece que baseado numa estória real de uma madre que viveu em loudon) um dos diálogos ótimos que o padre tem é justamente sobre isso: será que diabo não é isso, essa humanidade toda sem censura?



Achei esse texto na internet. Na verdade um trecho que fala desse filme, é de um escritor capixaba que eu não conhecia, Reinaldo Santos Neves.

(...)
A expressão me causa estranheza: pegar freira. Nunca ouvi nada parecido. Por sorte tem uma freira ao meu lado e, sendo freira, talvez conheça a expressão. É a ela que recorro:
— Que que ele quer dizer com pegar freira?
— Pegar frieira, — esclarece Dona Mônica.
Fui mal. Me fiz passar por surdo e por burro diante da musa da Agência Ajax.
— Se chover eu não venho nem amarrado, — reitera João Luiz, peremptório.
— Mas eu quero lhe pedir uma coisa, — diz o Velho, ainda no pé de João Luiz. — Quando você botar a mão do lado de fora da janela pra ver se está chovendo e cair um pingo na palma da sua mão, pelo menos lembre de verificar se o pingo não é do ar condicionado do vizinho de cima.
Chico interfere pra mudar de assunto:
— Você viu a freira linda que está ali, presidente?
— Se vi, — diz ele. — Olha, já vi muitas freiras bonitas no cinema, mas essa aí põe todas elas no chinelo.
— A mais bonita que eu vi foi Madre Joana dos Anjos, — diz Rogério.
— Muito especial, Madre Joana, — diz o Velho. Contemporâneo de Rogério, diferente de Embratel, ele sabe de quem se trata. Talvez Rogério e ele tenham visto o filme na mesma sessão, talvez sentados na mesma fila de cadeiras, sem nem se conhecerem nem preverem que um dia seriam consócios de um mesmo clube, convivas de uma mesma mesa.
— Muito safada, você quer dizer, — diz Rogério. — Freira quando quer dar inventa logo que está possuída. O diabo é sempre o bode expiatório de freira safada.
Tento ler no rosto de Dona Mônica, na estreita folha de seu rosto, o efeito de insinuação tão pesada. Será que é assim que ela age, igual a Madre Joana, quando quer dar? Será que é capaz de acusar um inocente, de botar a culpa de seu furor uterino no pobre diabo do diabo? Mas o rosto dela é uma folha em branco. O que Rogério disse parece que não é com ela.
— Essa Madre Joana que vocês estão falando, — diz Chico, — é daquela família de Barra de São Francisco?
A menção a Barra de São Francisco faz Dona Mônica erguer um sobrolho. O que é natural, já que o seu honorável patrão, o Sr. Eylau, está recolhido naqueles pagos a negócios.
— Chico, — diz Rogério, — muito me admira que você, um polonês, não tenha visto esse filme.
— Madre Joana dos Anjos, — explica o Velho, — é um filme polonês dos anos 60 sobre um episódio de possessão demoníaca em massa num convento de freiras do século XVII.
— Esse convento, — diz Embratel, — era a própria casa de Madre Joana...
— Era o próprio cu de Madre Joana, — corrige Rogério. (...)


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