domingo, abril 15, 2007

Mestre Abu...



Tenho como uma teimosia (ainda mais quando alguém vem com aquele papo chato de não se faz mas caetanos velosos como antigamente) que os caras mais geniais da música brasileira atual sejam o Arnaldo Antunes e o André Abujamra.


Essa Música Não Existe
André Abujamra

Não existe verdade, não existe mentira
Não existe bondade, não existe paixão
Não existe terra, não existe água
Não existe fogo, não existe ar
Não existe mato, não existe gato
Não existe rato, não existe mar
Não existe nada, não existe nada
Não existe nada, não existe dor

A única coisa real... amor!
A única coisa real... amor!

Primeiro que eles tem outras facetas artísticas além da música (Abu é ator, assim como os geniais também Maurício Pereira e Carlos Careqa), e segundo que eles tem a manha de serem simples e complexos na mesma proporção.

70%
André Abujamra

Todo golfinho tem um pouquinho de tubarão
Todo ateu tem algum tipo de deus no coração
Todo cordeiro tem um pouquinho de lobo
Todo geninho tem um pouquinho de bobo

100% não exite
Ninguém é somente triste
100% gato mia
Ninguém é só alegria

Ontem fomos no show, o Abu 100 kilos mais magro depois de uma cirurgia pro estômago, e tirando sarro de si mesmo sobre a propaganda pra Nova Schin. O Vivi era o mais empolgado e chegou lá cantando todas as músicas.

O Mundo Muda
Karnak

O mundo muda
A gente muda
O mundo muda
A gente muda
O mundo muda

Eu era pobre, andava de chinelo
Hoje sou rico, ando de pajero
Eu era rico, nadava na piscina
Hoje sou pobre, pão com margarina

Eu perdi tudo
Achei você
Eu tenho tudo
Tenho você

O Vivi não precisou ter que passar pelo Karnak para descobrir o quanto é legal André Abujamra.

Nome das Coisas
Karnak

Nomes se dão às coisas
Nomes se dão
Nomes se dão às pessoas
Nomes se dão
Nomes se dão aos deuses na imensidão do céu
Nomes se dão aos barquinhos na imensidão do mar
Nomes se dão às doenças na imensidão da dor
Nomes se dão às crianças na imensidão do amor
You and me

O show teve músicas inéditas, do Karnak e até uma que ele fez ESSA SEMANA que ele teve que fazer a capella, porque ainda não tem harmonia!

Vim que Venha
Karnak

E quando morre a gente chora né
E quando nasce a gente ri né
Mas quem nasce chora
E quem morre sorri
Bahia é terra de dois
É terra de dois irmão
Governador na Bahia é Cosme e São Damião
Quem tem que vim que venha
Quem tem que ir que vá

Foi maravilhoso também o jeito que ele assumiu a coisa de tocar com sampler.

Já que ele deixou tudo que tinha no Cd ele aproveitou umas projeções visuais (geniais) para inserir a galera que gravou no CD, e até apresentava os caras, como se eles tivessem ali, tocando, cantando ou gravando. Ver a Serena deu uma saudaaaaade.


Terminamos a noite com a galera no Café Mafalda (mais uma vez), e guenta o rojão porque hoje tinha ensaio às 9 da manhã.

O Infinito de Pé
André Abujamra

O infinito de pé são dois biscoitos
O infinito de pé é o número oito
O infinito de pé dois planeta colado
O infinito deitado um óculos quebrado

O infinito de pé duas bolas de sorvete
Um casal de namorado na moto com capacete
Boneco de neve, dois vinhos na adega
Farol de milha de noite quase cega

O infinito deitado olhos de coruja
Dois seres humanos fazendo amor
O infinito de pé é um autorama
Duas pulgas malabaristas no meu cobertor

O infinito deitado cano duplo de espingarda
São os raios de sol nos olhos da namorada
Dois salva vidas à devida no oceano
É a linda cauda da baleia afundando

Oitocentos anos infinito lado a lado
Só que um está de pé e o outro deitado
Buraquinhos do nariz as asas da borboleta
Dois irmãos gêmeos no carrinho de mãos dadas com chupeta

O infinito tá de pé o infinito tá (4x)

O infinito deitado janelinha de avião
É o símbolo da paz passarinho a minha mão
É o laço do cadarço para o tênis amarrar
É o beijo na sua boca para o amor alimentar

Ouro sem u e sem r
O infinito é o bigode do francês Pierre
Oco sem c ovo sem v
O infinito é o amor que eu sinto por você

Dois mil e um sem o dois e sem o um
O infinito é uma dupla de sushi de atum
É o reflexo do sol no mar
É a sinuca do bilhar

O infinito de pé é um brinde na taça
Dois buracos na cueca devorados pela traça
Os pneus da bicicleta subindo a ladeira
São os seios da Brigite pra fora da banheira

Dois cocos, duas laranjas, bola de gude bola de meia
O infinito é Jesus Cristo repartindo o pão para os apóstolos na Santa Ceia
Nem todo infinito tem forma pra mim
Einstein Rodchenko Picasso e Tom Jobim
O infinito tá de pé o infinito tá (4x)

O infinito é infinito
O infinito é o amor
O infinito nunca acaba porque nunca começou (2x)

Lá no meu vício novo (LAST.FM, postado logo ali embaixo) tem músicas inéditas dele como Babaloo e Afriko, são geniais.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sem falar na sua (dele) produção à frente do Mulheres Negras, pioneiríssima em experimentações musicais, e, ainda hoje, atualíssimas - porque, penso, Abu e Antunes produzem para o eterno.
Saudades, Estrela. Precisamos apertar o Makely e o Bruno, pra eles, de novo, produzirem aquela reunião autofágica.
Beijo em ti e nos teus.

Anônimo disse...

Gosto do Abujamra. Ele é um cara que busca caminhos interessantes na música. E busca o diálogo do simples com o intricado.
Fui ver o show na quinta. Foi muito bacana.

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

abujamra, com ou sem Karnak, manda muito. aliás, ele assina as melhores trilhas sonoras brasileiras.